Língua Portuguesa
Profª. Elza Sueli
Profª. Elza Sueli
Simbolismo
(Século XIX)
Marco Inicial
França,
no final do século XIX
Publicação
dos poemas As flores do mal de Charles Baudelaire
Principais
expressões: Baudelaire, Verlaine, Rimbaud e Mallarmé
Marcas Históricas
Momento
de crise social
ü Competição
econômica e militar entre as grandes potências ocidentais
ü Avanço
do movimento operário
ü Duvidavam
das explicações “positivas” da ciência, que julgavam poder explicar todos os
fenômenos que envolvem o homem e conduzi-lo a um caminho de progresso e fartura
material
ü Desprezam
a sociedade burguesa e industrializada em ascensão
ü
Defendem que a razão e a técnica não conseguiam
explicar nem amenizar os medos e as angustias humanas
•
Os
simbolistas voltam-se para o eu profundo, inconsciente e irracional
Características
Concepção
mística do mundo
Os simbolistas são espiritualistas,
transcendentais e místicos, ligados tanto ao cristianismo quanto a outras
formas de religião.
Alienação
social
Os simbolistas não estavam preocupados com a realidade, com os problemas
do mundo. Estavam interessados em seus temores, suas angustias, seu
inconsciente.
Essência
do Universo
A maior
preocupação dos simbolistas é perceber a existência de uma dimensão que se
esconde além da realidade concreta e que precisa ser explorada
•
A
percepção das essências é estimulada pela experiência sensorial
Sinestesias
O artista sugere a mistura de
diferentes sensações
Para representar o elemento,
expressa-se o que se sente em relação a ele
O termo faz referência a
diferentes domínios sensoriais (um perfume que evoca uma cor, um som que evoca
uma imagem)
Exemplo:
Voz macia (audição +
tato)
Perfume doce (olfato
+ paladar)
Luz fria (Visão +
tato)
A
presença constante das Reticências (...)
Contribui para tornar o tom do
texto simbolista mais indefinido e vago
Desejo de transcendência e integração
cósmica
Os simbolistas apreciam situações de viagem interior ou
cósmica, integração com os astros, extravasamento e transcendência do mundo
real.
Interesse
pelas zonas profundas da mente
(inconsciente e subconsciente) e pela loucura
Os simbolistas
exploravam zonas da mente humana sobre as quais se conhecia muito pouco, como o
sonho e a loucura
Atração
pela morte e elementos decadentes da condição humana
Retomando
elementos da tradição romântica, os simbolistas voltam a explorar temas
macabros e satânicos, ambientes noturnos e misteriosos.
Sugestão e símbolo
O poeta simbolista sugere, procurando
despertar no leitor a sensação de estar criando, já que este pode interpretar,
imaginar a partir da impressão provocada.
A sugestão alimenta o mistério.
Não se dá a informação, é preciso
sugeri-la. O segredo do artista simbolista está em não apresentar o objeto
diretamente, mas em fazer aflorar à lembrança do leitor, por meio de símbolos.
Musicalidade
A sonoridade evoca estados da alma:
tristeza, alegrias, saudades, angústias. Para criação desses estados, os poetas
recorriam a aliterações, assonâncias. Conseguiam por meio do ritmo bem marcado,
criar a sensação de se ouvir um som musical.
Figuras Sonoras
Assonância
- repetição de sons de certas
vogais, normalmente acentuadas.
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila
- Perdida voz que de entre as mais
se exila,
- Festões de som dissimulando a hora
Aliteração – repetição
de sons consonantais, geralmente na mesma posição em diferentes palavras de um
verso ou ao longo dos versos de um poema.
Só, incessante, um som de flauta chora, (...)
Festões de som dissimulando a hora
Figuras de Linguagem
Metonímia
– é a substituição de uma palavra por outra com a qual ela tem semelhança
de sentido
Exemplo:
“Respeite meus cabelos brancos”
A expressão cabelos brancos foi
usada no lugar de idade avançada, velhice.
Só, incessante, um som de flauta chora
O som da flauta é uma metonímia, pois é a representação de
uma pessoa que está solitária e toca a sua flauta de maneira triste, chorosa.
Personificação
É a atribuição de atitudes
humanas a seres inanimados ou irracionais.
Só, incessante, um
som de flauta chora
O eu lírico atribui ao som (um elemento inanimado) uma ação
que é humana, a ação de chorar.
Principais
escritores portugueses
Camilo
Pessanha
Evocação
de sentimentos de desolação, desconsolo e angustia profundos
Anuncia,
nesse poema, um olhar marcado pelo negativismo e pelo desânimo
Inscrição
Eu
vi a luz em um país perdido.
A
minha alma é lânguida e inerme.
Oh!
Quem pudesse deslizar sem ruído!
No
chão sumir-se, como faz um verme...
Lânguida: abatida
Inerme: indefesa
Antonio Nobre
Recorre
a uma linguagem mais emotiva e coloquial.
Apelo
ao saudosismo: a idealização da infância e do passado.
Refugia-se
no passado para negar o mundo que o cerca.
Menino e moço
Tombou
da haste a flor da minha infância alada.
Murchou
na jarra de ouro o pudico jasmim:
Voou
aos altos Céus a pomba enamorada,
Que
dantes estendia a asas sobre mim.
Haste: caule
Alada; que tem asa
Púdico: recatado, casto
Momento
político: a luta pelo fim da escravidão
Marco
inicial: livros de Cruz e Sousa (1893) - Missal (prosa) e Broquéis (poesia)
Cruz e
Sousa (1861-1898) -
Uma
vida marcada por humilhações, pobreza, doenças e morte.
Alucinação
Ó solidão do Mar, ó amargor das vagas,
Ondas em convulsões, ondas em rebeldia,
Desespero do Mar, furiosa ventania,
Boca em fel dos tritões engasgada de pragas.
Ó solidão do Mar, ó amargor das vagas,
Ondas em convulsões, ondas em rebeldia,
Desespero do Mar, furiosa ventania,
Boca em fel dos tritões engasgada de pragas.
(...)
Fel: amargor
Tritão: deus marinho na
mitologia grega
Ocaso: pôr do sol
Temas que tiveram origem na sua sofrida experiência pessoal
A
obsessão do branco: uso de vocabulário em que predominam , de modo obsessivo
termos associados a cor branca, como neve, névoas, alvas, brumas, lírios,
palidez e lua.
Deixa
transparecer certa preocupação social ao tratar da situação que ele sofria na
pele, a dos negros no Brasil.
Alphonsus
de Guimaraens
Poesia
marcada pela religiosidade e misticismo
Utiliza
linguagem suave e tranquila
Trata
das ilusões provocadas pelo mundo visível
A
morte põe fim ao sofrimento humano
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pós-se
na torre a sonhar...
Viu
uma lua no céu,
Viu
outra lua no mar.
[...]
A imagem da moça
que, enlouquecida, não consegue distinguir a lua de seu reflexo no mar e mergulha para a morte é um símbolo da
eterna busca que marcou os poetas do período.