À INSTABILIDADE DAS COUSAS DO
MUNDO
Nasce
o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em
tristes sombras morre a formosura,
Em
continuas tristezas a alegrias,
Porém, se
acaba o Sol, por que nascia?
Se é
tão formosa a Luz, por que não dura?
Como
a beleza assim se transfigura?
Como o gosto, da pena assim
se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte
a firmeza,
Na formosura não se dê
constância,
e na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
e tem qualquer dos bens por natureza
a firmeza somente na inconstância.
Desenganos da vida humana, metaforicamente
É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.
É nau enfim, que em breve ligeireza
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza:
Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
De quem é a autoria desse poema? Alguns historiadores a atribuem a Gregório de Matos.
essa harmonização dos conceitos contraditórios da um toque diferente ao poema tornando-o mais interessante ..
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